Texto do trabalho sobre lutas (7º e 8º séries)

Leia o texto abaixo e responda as questões.
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O UNIVERSO DAS ARTES MARCIAIS
por Jader Lançanova
1.1 Manifestações das lutas na contemporaneidade
Importante é perceber o quanto e como as lutas e artes marciais estão presentes em nossa sociedade atualmente, os meios e as formas pelas quais chegam até nós. Podemos passar quase desapercebidos das suas manifestações, esquecendo que são parte da cultura do movimento humano, historicamente produzidas e enriquecidas com a cultura dos seus povos de origem.
Como não ser parte desse universo especial abundante de movimentos acrobáticos, culturas milenares, e tão próximos de todos nós como os movimentos rudimentares de proteção e defesa do nosso corpo, quando estamos em perigo.
Ainda hoje “educados” por filmes e desenhos animados como “Karatê Kid”, “Kill Bill”, “Jiraya”, “Power Rangers” e “Matrix”, exagerados em efeitos especiais e animações computadorizadas, mostrando uma versão superpoderosa dos personagens lutadores, apresentam uma visão “ocidentalizada” das artes marciais que as resumem ao domínio dos movimentos físicos, quase ignorando totalmente os aspectos filosóficos dos quais as artes orientais são muito ricas.
Em “Star Wars”, além das técnicas das lutas, semelhantes às usadas no Ken-do, a esgrima japonesa, “o código de honra dos samurais também é aplicado na formação dos Jedis: ter olhos, ouvidos e sensibilidade apuradas, correção, senso de justiça, boa-fé e conhecimento”. O diretor do filme, George Lucas, mudou o título do último episódio da série, que deveria se chamar “A Vingança de Jedi”, ao notar que um samurai não se vinga e sim se protege.
É fato que o cinema, cada vez mais, “recheia” os seus filmes com movimentos de luta, principalmente inspirados nas artes marciais orientais como o “Kung Fu” ou o “Muai Thay”. Ao assistir um filme no cinema ou na televisão, não questionamos mais a modalidade que estamos presenciando, ou se o que é mostrado representa a concepção correta das artes marciais. Em “Matrix”, “O Tigre e o Dragão”, “O Monge a prova de balas”, e outros do gênero, as artes marciais são combinadas com efeitos especiais, causando uma impressão de superpoderes nos personagens, que é transferida para as artes marciais, podendo produzir uma compreensão distorcida destas, principalmente pelos jovens que não recebem uma informação esclarecedora sobre o assunto.
Através da televisão as crianças podem ver muitos desenhos que mostram muitas lutas entre os personagens, usando várias das artes marciais conhecidas. Em desenhos animados, como “Yuyu Hakusho” ou “Meninas Superpoderosas”, a influência pode ser ainda mais forte nos “telespectadores mirins” devido à auto-identificação com personagens crianças, que, não fugindo a regra, são sempre dotados de habilidades de luta e muitos superpoderes e despertam nas crianças a vontade de, quando crescerem, terem a mesma capacidade e características destes astros do mundo da ficção.
Os filmes e séries de desenhos animados utilizam-se de muitos recursos para cativar os telespectadores como as fantasias ninja e os poderes dos protagonistas da série “Power Rangers”. Cada vez que os “Power Rangers” salvam a Terra dos vilões do mal, tornam-se como heróis para as crianças. Essas são demonstrações de como as lutas (“brigas”) são aceitáveis na sociedade e sugere às crianças que combater o mal com técnicas ninja espetaculares é certo, e dessensibiliza os mais novos acerca da violência, do choque e do terror de ver alguém sendo agredido. Desenvolvendo essa tolerância à violência, precisarão de cada vez mais violência para serem entretidas;.
Estudos experimentais realizados na década de 60, em pequenos grupos de crianças, apresentando a conclusão de que as crianças que assistem muita televisão tem propensão a tornarem-se mais agressivas: Os espetáculos violentos não afetam apenas o seu comportamento, mas também as suas crenças e valores e as crianças que vêem muita televisão temem mais a violência do mundo real. Em contrapartida, outras ficam insensíveis a essa violência.
As muitas formas como as informações são transmitidas até nós definem o processamento da nossa percepção e podem influenciar na formação dos nossos conceitos, na nossa compreensão sobre as lutas de uma forma geral. Não é sem motivo que um indivíduo refere-se ao Kung Fu como uma arte marcial superior às outras. Fomos educados com muitos filmes de Bruce Lee (“A Fúria do Dragão”, “Conexão Chinesa” e outros), onde este se apresentava derrotando multidões de oponentes, saindo sempre quase ileso. Pessoas sem conhecimento um pouco mais aprofundado, ou prático, de uma arte marcial, precipitam-se ao dizer que “tal arte marcial é melhor para autodefesa”, “tal arte marcial é imbatível na luta usando golpes com os pés”, ou com os cotovelos, punhos, etc.
Uma matéria sobre lutas e artes marciais em um programa de esportes, ou mesmo a cobertura dos Jogos Olímpicos, transmite uma idéia de esporte, para as artes marciais. A sugestão de significado das artes marciais, e também o estímulo gerado no telespectador, neste caso, é o de ser uma prática desportiva.
Um jogo de videogame permite que a criança e também o adulto realizem virtualmente todas as façanhas que ele vê nos filmes e desenhos animados. A vitória em um jogo é fácil e rápida. Dependendo de muito pouco esforço do jogador. Não há necessidade de treinamentos prolongados em academias de artes marciais.
Os jogos de interpretação de personagens: “Role Playing Games” (RPG), possibilitam aos jogadores criar um personagem tão interessante quanto lhe for, ou ainda, à sua imagem no aspecto da personalidade e com características melhoradas, no aspecto físico, mental, e possuidores de superpoderes. Estes jogos são muito populares entre crianças e “jovens adultos”. Permitem aos jogadores criar um personagem completo (com características físicas, mentais, habilidades de luta, etc.) e inseri-los em um cenário ou narrativa, onde devem interpretar seus personagens. Geralmente os personagens devem lutar contra inimigos, monstros, etc.
Dessas formas, as lutas e as artes marciais participam do nosso cotidiano. Essas e outras fontes acabam respondendo por muito do conhecimento que construímos, repercutindo em uma visão reduzida, e um tanto distorcida, de todas as formas de luta.
No Brasil, não somos iniciados em uma arte marcial específica, como ocorre na China, ou na Coréia do Sul, por exemplo, onde, respectivamente, o Kung Fu e o Taekwondo fazem parte do currículo escolar. Trata-se de uma questão cultural do nosso país. A Capoeira, tão popular e presente na nossa história, poderia ser elevada à condição de “arte marcial nacional”, como é o Kung Fu na China.
Mesmo com a prática de apenas uma modalidade, ocorre a aproximação do aluno escolar com o universo das lutas, devido às oportunidades que surgem de discussão sobre as demais formas de luta. Oportunizaria ao educando, ao menos, desenvolver uma compreensão correta e não preconceituosa quanto às artes marciais.
De um profissional da educação pelo movimento, espera-se que transmita corretamente o significado sem incorrer nos conceitos populares ou adquiridos de fontes sensacionalistas, como o cinema.
Na Wikipédia, enciclopédia on-line, encontramos que “As artes marciais são sistemas de práticas e tradições para treinamento de combate, usualmente (mas nem sempre) sem o uso de armas de fogo ou outros dispositivos modernos”. No KaratêBarretos, popular sítio de informações sobre Karatê, encontramos a seguinte definição:
É tudo o que possibilita ao praticante conhecer a natureza da própria mente, e, através desse conhecimento, buscar o autodomínio [sic]. As técnicas das Artes Marciais foram desenvolvidas baseadas nas forças que regem o Universo (Ying e Yang). Os antigos guerreiros não treinavam apenas sistemas de lutas ou de armas, eles também eram obrigados a ter profundos conhecimentos filosóficos, escreverem poesias e a tocarem pelo menos um instrumento, para aprenderem a ser flexíveis e homens cultos.
Atualmente, as artes marciais são praticadas visando diferentes finalidades como desporto, lazer, participação de um grupo social, defesa pessoal, disciplina da mente, condicionamento físico. Algumas pessoas também utilizam as artes marciais como uma forma de catarse do estresse diário. As pessoas, geralmente desejam e procuram estímulos que provocam ‘estados de agitação’, excitações e estímulos emocionais, na maioria das vezes, como um meio de fuga da mediocridade, do trabalho enfadonho, do tédio da vida rotineira, ou para a catarse de inibições forçadas e frustrações acumuladas. Para os atletas, o esporte serviria como um canal para expressar principalmente as tendências agressivas, como um meio para sublimar as tendências anti-sociais, tornando seus praticantes mais sociáveis e amistosos, ou seja, serviria para que a agressividade se expressasse de maneira inofensiva e aceitável e fosse transformada em hábitos saudáveis.
As artes marciais são comuns em exércitos e polícia, como treinamento de habilidades para o uso em guerras ou combate à criminalidade. A população civil busca aprender uma arte marcial também com a finalidade de defesa pessoal. Um método de defesa pessoal que está sendo muito procurado por pessoas de todas as idades é o “Krav Magá”, o mesmo utilizado pelo exército israelense e por polícias de todo o mundo.
O termo “artes marciais” refere-se às artes de guerra e luta. Hoje, o termo artes marciais é usado generalizadamente para todos os sistemas de combate de origem oriental (Aikido, Muai Thay, por exemplo) e ocidental (Capoeira, Savate francês), com ou sem o uso de armas tradicionais. No oriente existem outros termos mais adequados para a definição destas artes como Wu-Shu na China e Bu-Shi-Do no Japão, que também significam artes de guerra, ou “Caminho do Guerreiro”.
Nas artes marciais orientais, encontram-se conotações filosóficas que definem a aplicação dos conhecimentos de luta. No Jiu-jitsu, por exemplo: “vencer cedendo” (contrário da “lei do mais forte” ou lei da vida no hemisfério ocidental). Explicação dada pela Enciclopédia Britânica (“martial art”) distingue as artes marciais orientais da seguinte maneira: é dada ênfase no estado mental e espiritual do praticante.
[...] um estado em que as funções de raciocínio e cálculo da mente ficam suspensas de tal forma que mente e corpo possam reagir imediatamente como uma unidade, refletindo a situação em mudança ao redor do combatente. Quando este estado se completa, desaparece a experiência diária do dualismo entre sujeito e objeto. Alcançar esse estado de espírito é também o objetivo central de filosofias de vida como taoísmo e zen-budismo e, desta forma, tanto há pessoas que praticam alguma arte marcial como forma de adestrar-se filosófica e espiritualmente, quanto há lutadores que, queiram não queiram, se tornam autênticos filósofos.
Ao chegarem no ocidente, as lutas orientais perderam a conotação filosófica fundamentada em crenças e religiões que preparavam o praticante física e espiritualmente, sendo enfatizados os aspectos competitivos e o de defesa pessoal.
As lutas foram adaptadas para serem desenvolvidas na forma de competições (“jogos”, ou seja, com regras, limitações,...) sendo viabilizadas para serem praticadas por pessoas alheias aos preceitos filosóficos e aos significados culturais relacionados. A maioria das modalidades dos esportes de luta que conhecemos hoje estão elevadas a um estado esportivo que descaracteriza o próprio conceito de arte marcial: “esporte de luta” é a denominação que recebem em eventos esportivos, como as Olimpíadas.
Ainda que não tenha origem oriental, a nossa capoeira também está definindo-se como arte, expressão corporal, esporte, atividade física para a saúde, lazer, socialização. A “capoeira ‘se joga’: não é ‘arte marcial’ de iniciativa agressiva”.
Dentre os estilos ocidentais de luta podemos citar: Savate, Kick Boxing, Boxe, Luta Livre, Capoeira, Esgrima, Sambo, Krav Magá, e outros. Algumas modalidades de lutas foram criadas a partir da união de várias artes. O Kick Boxing, por exemplo, é uma união do Boxe, do Karatê e do Taekwondo.
A Esgrima é considerada uma arte marcial ocidental. Devido às suas origens militares, são consideradas artes marciais esta e outras formas antigas de combate como o Arqueirismo e o Hipismo.
Além disso, confundem-se modalidades de lutas e artes marciais com eventos onde participam lutadores de diversas modalidades, os chamados “Mixed Martial Arts” (MMA). Como exemplos conhecidos de “MMAs” existem o “Vale-tudo”, criado no Brasil, “Ultimate Fighting Championship” (UFC) e “Pride”, que são os maiores campeonatos mundiais desse tipo.
Os “MMAs” nada mais são que esportes onde participam lutadores de quaisquer artes marciais (Boxe, Luta Livre, Muai Thay, Judô, etc), sendo comum nas disputas o uso de técnicas de duas ou mais modalidades de artes marciais.
1.2 Compreensão e origem
As lutas fazem parte da cultura corporal do movimento humano. Sempre fizeram parte do homem. Dentro de toda ação de defesa, contra uma fera ou um inimigo, ou de ataque, como a caça ou o combate na guerra, usando o corpo ou armas, está presente a luta, de forma organizada como as modalidades conhecidas, ou instintiva, emanada da necessidade do ser humano em proteger o seu próprio corpo.
Enquanto a luta aplica-se em qualquer situação onde haja combate, as artes marciais são mais específicas: “As artes marciais são sistemas codificados de estilos de luta ou treinamento, em combates armados ou não, sem o uso de armas modernas, como as de fogo”.
Dessa forma, é importante, inicialmente, distinguir estes dois termos, de significado e emprego muito próximos, mas que nem sempre devem ser usados para a mesma finalidade.
O substantivo luta, do Latim lucta, significa “combate, com ou sem armas, entre pessoas ou grupos; disputa”.
Já a expressão artes marciais é uma composição do Latim arte, (“conjunto de preceitos ou regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa”), e martiale (“referente à guerra; bélico”, “relativo a militares ou a guerreiros”). No oriente existem outros termos mais adequados para a definição destas artes como Wu-Shu na China e Bu-Shi-Do no Japão que também significam a “arte da guerra”, ou “Caminho do Guerreiro”. Muitas destas artes de guerra do oriente e ocidente deram origem a artes marciais e esportes atuais que hoje são praticados em todo o mundo como: Karate, Kung Fu, Tae Kwon Do, Esgrima, Arqueirismo, Hipismo, entre outros.
O termo artes marciais é um termo ocidental e latino referentes às artes de guerra e luta. Este termo veio em relação ao deus da guerra greco-romano Marte, ou seja as artes marciais são as artes na qual o Deus Marte ensinou os homens segundo a mitologia.
Modernamente, do ponto de vista técnico, há uma distinção entre lutas e artes marciais. O Boxe, a Capoeira, o Aikido, o Judô, a Luta Livre e a Luta Greco-Romana, estariam na categoria das lutas, devido ao fato de que no esporte a competição e as regras prevalecem pois o objetivo é ver aquele que marca mais pontos dentro de uma regra, já as modalidades que tem uma origem mais marcial, têm como objetivo a defesa pessoal em uma situação de risco sem regras, e com o enfoque principal na formação do caráter do ser humano.
Para este trabalho, então, entende-se que “luta” é um termo que pode ser empregado de forma geral a todo combate entre dois ou mais indivíduos, dotados estes de treinamento especial para luta ou não. Arte marcial é um termo mais abrangente, utilizado para definir um conjunto de conhecimentos com finalidade de combate entre guerreiros ou militares. É uma forma de lutar que foi aprimorada visando melhor desempenho contra um adversário. As artes marciais não compreendem somente um apanhado de técnicas (golpes com as mãos, pés, etc), mas também um conjunto de filosofias e tradições de combate.
É provável que a luta tenha surgido nos primórdios da civilização humana, junto com a necessidade do homem de defender-se de inimigos ou animais, ou ainda, de atacar ou caçar com mais eficácia. Nesta fase toda forma de combate seria travada de forma instintiva, sem as técnicas aprimoradas que vemos no Karatê, por exemplo.
Na pré-história os filhotes dos homens primitivos “brincavam” de lutar como fazem os filhotes dos felinos, por exemplo, por isso afirma que: “Além do componente lúdico, existia também um aprendizado imprescindível à sobrevivência”. O hábito da luta é muito antigo, quer como método de preparação de guerreiros, quer como modalidade de competição esportiva. Os historiadores registram que a luta era parte integrante da educação ateniense, porque era consenso que as crianças e os jovens tinham que se preparar tanto para a paz quanto para a guerra. Já ‘artes marciais’ expressa origem ou objetivo militar, muito embora algumas têm sido aprimoradas em mosteiros, e outras têm sido definidas como ‘a cultura religiosa aplicada ao corpo’. Presentemente, entre nós, as artes marciais são praticadas principalmente como esporte, método de auto-defesa, exercício de condicionamento físico e, até mesmo, mecanismo de desenvolvimento espiritual.
As artes marciais sempre geraram muita discussão quanto à origem, o surgimento, a criação. Tanto quanto as discussões sobre a supremacia em combate, de um lutador de uma modalidade sobre outra. Muitos autores, que também são praticantes de alguma arte marcial, ao se referirem à origem das artes marciais que praticam, agregam ao seu relato que estas teriam surgido ainda nos primórdios da civilização, por necessidades de sobrevivência, “quando uma pessoa saía para a caça de subsistência ou procurava se defender de um animal”.
Essa é uma forma de aumentar o prestígio da própria arte marcial sobre as outras, fazendo entender que a origem da arte é mais antiga.
As artes marciais, em uma forma próxima da que conhecemos hoje, somente seriam desenvolvidas muito tempo depois, após o homem criar a guerra, ou seja, quando viu a necessidade de alcançar melhores desempenhos em campos de batalha ou situações de defesa pessoal. Embora a caça, a dança e as guerras primitivas tivessem influência direta sob o nascimento da arte marcial chinesa, elas não são artes marciais. Para combinar o corpo e o espírito, o exercício físico e a técnica de luta, a arte marcial precisou de muito tempo e condições especiais.
O intenso envolvimento do homem em cenários de lutas (conflitos tribais, guerras) possivelmente foi um palco fértil para a criação de muitas técnicas de combate com ou sem armas, e inclusive para a criação destas. Além dessas circunstâncias, a necessidade de defender a própria vida contra agressores e de proteger o patrimônio, também motivaram a criação e o desenvolvimento de técnicas de luta, como pode ser verificado pelo relato a seguir:
Sua origem confunde-se com o desenvolvimento da civilização quando, logo após o desenvolvimento da onda tecnológica agrícola, alguns começam a acumular riqueza e poder, ensejando o surgimento de cobiça, inveja, e seu corolário, a agressão. A necessidade abriu espaço para a profissionalização da proteção pessoal. Embora a versão mais conhecida da arte marcial, principalmente a história oriental, tenha como foco principal Bodhidharma monge indiano que em viagem a china orientou os monges chineses na prática do yoga e rudimentos da arte marcial indiana o que caracterizou posteriormente na criação de um estilo próprio pelos monges de shaolin, é sabido historicamente, através tradição oral e escavações arqueológicas que o kung fu já existia na China há mais de cinco mil anos. Da China, estes conhecimentos se expandiram por quase toda a Ásia. Japão e Coréia também têm tradição milenar em artes marciais. Recentes descobertas arqueológicas também mostram guardas pessoais na Mesopotâmia praticando técnicas de defesa e de imobilização de agressores. Paralelamente, o mundo ocidental desenvolveu outros sistemas, como o Savate francês, ou a Capoeira brasileira.
Em algumas artes marciais, o relato sobre sua criação e local de origem aponta para épocas de muitos anos antes de Cristo. O Kung Fu, segundo tradição oral e escavações arqueológicas, teria surgido antes do século XX a.c., enquanto o Taekwondo antes do século XXX a.c. Contudo é difícil precisar, uma vez que faltam registros históricos. O Muay Thai, por exemplo, não possui um registro válido da data e nem do motivo da sua criação, tendo apenas algumas hipóteses para explicação das suas origens, como podemos verificar em relatos encontrados em sítios sobre essa arte marcial.
“A história desta arte de luta é a história do povo tailandês. Mas a origem de ambas são explicadas com hipóteses por faltarem registros históricos. Quando o exército Birmane invadiu e arrasou Ayuddhaya, os arquivos de história tailandesa ficaram perdidos. Com eles, perdeu-se muito da história do começo do Muay Thai. O pouco que se sabe vem das escritas do birmane, visitas européias cambojanas antigas e algumas das crônicas do Reino de Lanna - Chiangmai. Sobre de onde o Muay tailandês veio e de sua evolução, as fontes não estão claras e freqüentemente contradizem um ao outro. Mas há duas teorias principais. Algumas pessoas dizem que a arte se desenvolveu junto com o povo tailandês que vivia próximo à China. Em lutas no campo agrícola em busca de terras para viver e plantar. A outra teoria diz que o povo tailandês já estava na área que hoje é a Tailândia e que o Muay tailandês foi desenvolvido para defender a terra e o povo de ameaças de invasão constantes. O segundo, é controverso, tem apoio acadêmico considerável e evidências arqueológicas. Porém, o primeiro é possível pois como a área aberta pelos pioneiros, desde muito tempo é conhecido o uso do Muay Thai como uma parte essencial de direito da cultura tailandesa e das suas raízes.
Historicamente, as artes marciais foram praticadas de forma restringida, entre familiares ou entre um grupo de elite, seus conhecimentos eram pouco acessíveis. O domínio de técnicas marciais agregava um grande poder ao indivíduo, sendo portanto, interessante restringir os que teriam acesso.
A difusão das lutas no mundo deveu-se muito ao interesse em difundir também a cultura do país de origem, e é pela difusão da cultura, da língua, que esta se perpetua. O Judô e o Karatê seguiram essa linha, o Japão procurou incluir suas artes através dos jogos olímpicos.
A criação de artes marciais não são méritos apenas dos povos asiáticos. Ocorrem em quase todas as culturas, classes sociais e ao longo de todos os períodos históricos. Algumas têm origem milenar outras recentemente foram criadas, como são os casos do Kung Fu e do Jiu-Jitsu que conhecemos.
De uma forma ou outra as suas origens sempre estão relacionadas a algum momento da história do homem, em que se fez necessário lutar para sobreviver ou alcançar a vitória. Concorda-se, então, com o dito nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física, junto às lutas há um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado por todos.
1.3 Conteúdos das artes marciais
Um iniciante de uma arte marcial, tem a oportunidade de aprender algumas informações e desenvolver habilidades, típicas das artes marciais. Esses conhecimentos, ou conteúdos, variam nas diferentes lutas, mas o conceito deles são iguais em todas elas, como os conceitos de esquiva, ataque, defesa, rounds, entre outros.
A seguir veremos alguns conhecimentos que podem ser adquiridos com o envolvimento com a prática de lutas e artes marciais.
1.3.1 Origem e história da luta
Cada luta possui uma época e um local onde se originou, bem como uma evolução histórica própria. No entanto, o desenvolvimento de algumas modalidades cruza no tempo e espaço com outras (“Judô” e “Jiu-Jitsu”, por exemplo).
A origem de algumas lutas ou artes marciais é difícil de ser precisada. Artes mais antigas como o “Kung Fu” e “Taekwondo”, datam sua origem em milênios de anos, surgindo disso o rótulo de “artes milenares”.
Também se sabe pelos relatos de algumas artes marciais, que o seu surgimento está associado ao contexto social do país, na época.
Portanto, conhecer a origem e a evolução histórica de uma arte marcial proporciona também conhecer o seu povo. A partir disso é possível fazer uma reflexão sobre as diferenças culturais e as relações entre os povos na antiguidade, possibilitando também, entender a atual conjuntura dos mesmos nos sentidos do desenvolvimento econômico, social e cultural.
1.3.2 Cultura e Princípios filosóficos
Junto com treinamentos técnicos, os praticantes acabam por conhecer alguns detalhes da cultura do povo de origem da arte marcial ou da luta, como a língua, o modo de pensar, as saudações, vestimentas, armas e conflitos históricos, história do país, bem como outros detalhes do contexto.
Nas artes marciais orientais são comuns preceitos filosóficos dando sentido aos movimentos técnicos e a conduta dos lutadores. No “Taekwondo”, são utilizados alguns conceitos norteadores para a arte marcial: cortesia, integridade, perseverança e autocontrole e espírito indomável. Além disso, existe um código de honra que, antigamente, era aplicado aos guerreiros que treinavam a arte: Fidelidade ao rei; Lealdade aos amigos; Respeito aos pais; Nunca recuar ante o inimigo; Só matar quando não houver alternativa.
Já no “Aikido”, o princípio é o de lutar sem lutar. No Judô, usar a força do oponente contra ele mesmo.
Isto nos mostra a importância destas no contexto educacional pois possibilita desenvolver valores fundamentais na formação do cidadão.
1.3.3 Movimentos de luta e combate
Ainda que uma arte marcial não seja composta somente dos movimentos de luta, estes são, principalmente no ocidente, os conteúdos mais enfatizados.
Na prática, as modalidades de lutas e artes marciais são diferenciadas pelo seu conjunto de movimentos de luta. Existem as artes marciais, como por exemplo o Judô ou o Hapkido, em que movimentos de agarrar, torcer, desequilibrar e imobilizar o oponente, formam o conjunto de técnicas dessas artes. Há modalidades em que os lutadores usam golpes com as mãos ou os pés para contundir o corpo do adversário, como o Karatê; outras modalidades que utilizam armas, como a Esgrima.
As técnicas de combate podem ser muito similares entre as diferentes modalidades. O Karatê e o Taekwondo possuem alguns movimentos iguais. O golpe com o pé chamado de “Mãe Gueri”, do Karatê, é idêntico na sua forma de execução ao “Ap Tchagui”, do Taekwondo, por exemplo.
A diferença entre uma luta e outra é mais evidente em uma competição esportiva, onde as regras e o estilo definem melhor a forma como os lutadores usam as técnicas de luta.
1.3.4 Estilos
O estilo em uma arte marcial determina a ênfase e a forma de uso dos movimentos. O “Kung Fu”, por exemplo, possui acima de mil estilos conhecidos e reconhecidos onde mais de trezentos são catalogados.
Os mais praticados são “Tai Chi Chuan” (de movimentação lenta, indicado para fins terapêuticos); “Shaolin do Norte” (seqüências com mãos livres, com base nos movimentos dos animais e nas forças da natureza); “Fei Hok Phay” (baseado nos movimentos da garça, do dragão, da serpente, do tigre, do leopardo, do leão, do elefante, do macaco, do cavalo e da raposa); “Yen Jow” (baseado nos movimentos da águia, com ênfase nas acrobacias); “Hung Gar” (técnicas representativas de cinco animais: dragão, serpente, garça, tigre e leopardo); “Wing Tsun” (conhecido mundialmente por ter sido praticado no cinema por Bruce Lee); “Shen She Chuen” (movimentos da serpente); “Tong Long” (movimentos do louva-a-deus, com ênfase nas esquivas e no combate a curta distância); “Pa Kna” (o praticante usa oito ângulos diferentes para ataque e defesa); “Choy Li Fut” (envolve armas, como bastões).
O estilo é relacionado à cultura e a personalidade do praticante. Muitos estilos oriundos do oriente são fundamentados no Ying e Yang, conceitos que fazem parte da vida religiosa de muitos desses povos. No ocidente são comuns estilos que tendem determinar uma maior praticidade e objetividade para a arte marcial quando usada em combate.
1.3.5 Treinamentos
Observando os filmes com lutas, ou mesmo um desenho animado, é comum vermos o discípulo realizando um treinamento incomum como socar pedras, permanecer de cabeça para baixo por horas, além de outros mais estranhos e doloridos.
Alguns métodos de treinamento usados em artes marciais, são conhecimentos transmitidos de mestre para discípulo, e suas origens são de tempos em que não havia estudos científicos que comprovassem sua eficácia. Alguns deles possuem eficácia comprovada pela constatação do resultado em praticantes que se submetem a estes. Porém, isto não significa que não há risco para a saúde do aluno. Pode ser atrativo ver isso em um filme ou desenho animado, mas realizarmos com nós mesmos um treinamento desse tipo é perigoso e muitas vezes infrutífero.
Ainda mais grave é constatar a existência de instrutores que ainda continuam a aplicar métodos ortodoxos, sem fundamentação teórica nenhuma, para formar seus alunos, muitas vezes jovens, que não tem o conhecimento e senso crítico amadurecido suficientemente para contra argumentarem as ordens de seus Mestres.
Hoje, as academias dispõem de diversos equipamentos e já existem publicados métodos para auxiliar nos treinamentos físicos e técnicos, que não justificam mais o uso de meios naturais (bater em pedras ou troncos, por exemplo).
Algumas crenças, decorrentes da lógica pobre de pessoas sem fundamentação científica, estão tão fortemente estabelecidas na cultura que envolve o treinamento de “guerreiros” que ainda são aplicadas, sem dúvida nenhuma, como não beber água durante os treinos aumenta a resistência à sede e beber água depois dos treinos engorda.
Daí a necessidade dos praticantes terem conhecimentos sobre as técnicas de treinamento.
1.3.6 Materiais e equipamentos
Cada arte marcial, adota um tipo de uniforme, adequado ao treinamento dos movimentos de luta. As artes marciais japonesas utilizam o conhecido Kimono; o Taekwondo usa uma vestimenta semelhante: o Do-Bok, com diferença na parte de cima, que se assemelha a uma túnica; no Muai Thay os lutadores vestem apenas um calção ou short. Também podem ser utilizadas faixas, ou cordas coloridas, que além de servirem para segurar as calças, identificam o nível de aprendizagem que o praticante se encontra. No Muai Thay, são usadas fitas coloridas no braço. Além dessas, existem formas diferentes de identificar a graduação do aluno em outras artes marciais.
Para que a prática da luta seja segura e sem risco de lesões, são usados equipamentos de proteção apropriados, os quais devem estar sempre em boas condições de uso. Os protetores escolhidos dependem das partes do corpo mais atingidas ou usadas para golpear. De acordo com cada modalidade existem protetores que são obrigatórios, para que a saúde dos praticantes (tanto a do atacante quanto a do defensor) seja preservada.
Os protetores mais conhecidos são: de tronco, de cabeça, de antebraço, de perna, de pé, de mão, genital masculino, genital feminino, de boca.
Existem equipamentos, que são muito usados no treinamento das habilidades, também muito comuns em diversas artes marciais: raquete, luva de foco, escudo, saco, “João-bobo”.
O tatame é um equipamento indispensável para minimizar os riscos de lesões, em casos de queda. É indispensável para lutas como Jiu-jitsu, que acontecem em maior parte no chão. A fabricação do tatame pode ser de diferentes formas. Existe um modelo, feito de raspas de pneus de carros, conseguidos gratuitamente, necessitando apenas de lonas e material para fixação, que possuem um custo mínimo.
Muitos desses equipamentos podem ser construídos artesanalmente, sendo uma alternativa muito interessante para escolas mais carentes de recursos financeiros. O que demonstra não ser motivo de impedimento para a inclusão das artes marciais nos currículos das escolas.
1.3.7 As competições
As competições tornaram-se a motivação principal dos lutadores. Existem inúmeros eventos esportivos de abrangência municipal e até mundial, variando as formas de competição de modalidade para modalidade.
As competições podem ser vistas como formas de verificar o aprendizado do aluno, de divulgação da modalidade ou de treinamento.
Em uma competição de esportes de luta ou arte marcial são definidas regras com a finalidade de proteger seus participantes e possibilitar registrar uma pontuação, para definir o vencedor. Até mesmo a moderna modalidade, o “Vale-tudo”, tem suas regras, que impedem exageros, como golpes nos olhos ou golpes fatais.
Os esportes de luta mais tradicionais possuem seus eventos próprios muito bem organizados, com rankings mundial, nacional, estadual. Há também os Jogos Olímpicos, onde, em 2004 participaram apenas algumas modalidades entre as quais o Judô, o Karatê, o Boxe, o Taekwondo e a Esgrima.
1.3.8 Níveis de aprendizagem
Os níveis de aprendizagem nem sempre estão relacionadas à cor da faixa do praticante. Muitas vezes há uma confusão com as faixas coloridas que são usadas pelos lutadores. Na verdade, a finalidade prática do cinturão é segurar o kimono para evitar a sua folga excessiva e permitir um deslocamento do praticante durante os treinamentos, mas também simbolizam o nível de aprendizagem dentro da modalidade. Então, as faixas são importantes motivadores para a aprendizagem visto que a passagem de uma faixa para outra depende da dedicação do aprendiz.
No Muai Thay, por exemplo, onde se usa um calção, a identificação é feita com uma fita colorida que é amarrada no braço do lutador.
Geralmente a cor das faixas segue de branca, para o iniciante, passando por coloridas, até a faixa-preta. Na capoeira não é usada faixa, mas uma corda. E a cor branca é a graduação mais alta, ao contrário das demais artes marciais.
O que conta realmente não é a cor da faixa do aluno, mas o seu nível de aprendizagem. As cores da faixa podem variar muito dentro de uma mesma modalidade, conforme o país, a região, a academia, ou o estilo da arte.
1.3.9 Gritos de Guerra (“Kiai”, “Kihap”)
É muito comum, principalmente nas artes marciais orientais, os lutadores gritarem ao desferir seus golpes. Nas artes japonesas são conhecidos como “Kiai”, já o “Kihap” é a denominação coreana. As outras artes também possuem identificação para os seus “gritos”.
O “Kiai” ou “Kihap” pode ser aplicado em três momentos: ao iniciar o golpe, durante ou ao final. Os gritos de guerra servem para aumentar, acelerar e expor a força de ação do homem. Portanto podem ser aplicados contra incêndios vendavais e as fortes ondas marítimas, para criar coragem e energia para enfrentá-los. Na luta individual, pode ser usado para abalar o equilíbrio emocional ou para movimentar o oponente, uma vez que, por ser usado comumentemente associado a uma “onda de ataques” ou um golpe mais forte, espera-se impressioná-lo ou intimidá-lo.
Fonte: http://lutasescolar.vilabol.uol.com.br/cap_um.html


Questões:

01 - O autor sugere que as lutas e as artes marciais estão presentes no nosso cotidiano. Cite três ou mais meios ou formas pelas quais elas chegam até nós.

02 - Qual a principal crítica do autor quando diz que somos “educados” por filmes e desenhos animados com uma visão “ocidentalizada” das artes marciais?

03 - Porque os desenhos animados com lutas podem exercer uma influência mais forte nos telespectadores “mirins”?

04 - Porque crianças que assistem as sereis de desenhos animados com “brigas” podem desenvolver tolerância a violência?

05 - Segundo o texto, porque um indivíduo refere-se a uma arte marcial como superior a outra? Como isso acontece?

06 - No Brasil qual poderia ser considerada a “arte marcial nacional” como é o Kung Fu na China?

07 - Qual a diferença dos objetivos do treinamento dos antigos guerreiros das artes marciais para os praticantes da atualidade?

08 - Porque o exército, a polícia e a população civil aprendem uma arte marcial?

09 - Qual é a principal diferença das artes marciais praticadas no oriente das praticadas no ocidente?

10 - Cite algumas artes marciais criadas no oriente e algumas criadas no ocidente?

11 - O que são os “MMAs”?

12 - Para o autor, qual é a diferença entre lutas e artes marciais?

13 - Qual a origem provável da luta e porque surgiu?

14 - Porque as artes marciais se desenvolveram da formas como as conhecemos hoje?

15 - Porque no início as artes marciais eram praticadas entre familiares ou entre grupos de elite?

16 - O que são as “artes milenares”?

17 - Além da técnica de luta, o quê mais os praticantes de determinada arte marcial pode aprender sobre o povo de origem dessa arte marcial?

18 - Qual o princípio filosófico do “Aikido”, do “Judô” e do “Ji-Jitsu”?

19 - Antigamente os guerreiros que treinavam “Taekwondo” seguiam conceitos filosóficos e um código de honra.; Quais eram eles?

20 - Exemplifique alguns movimentos de luta e combate em algumas artes marciais?
21- Quais são os estilos mais praticados nas artes marciais? Explique-os.

22 - Porque há a necessidade dos praticantes de artes marciais terem conhecimentos sobre as técnicas de treinamento?

23 - Como é identificado o nível de aprendizagem que o praticante de uma arte marcial se encontra? Exemplifique.

24 - Para que servem os equipamentos de segurança nas artes marciais?

25 - O que é um “Kiai” ou “Kihap” e para que serve em uma luta?

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